Convescote
Discorrendo sobre o ser,
encontrei razões
para mais, deixar de ser;
trair todas as sensações.
Ventando, pelos cadarços,
passeei pelos templos,
de tempos em tempos,
renovando meus traços;
Estragando, remendei meu ser;
desencontrei emoções
que faziam-me mais perder
a sequer ter razões.
Voltando, aos primários trapos,
soneguei meu própio tempo
e entreguei-me ao templo
puro e mutável do acaso.
Calma, sim, estou à dizer falácias!
O acaso inexiste, eu sei, tu sabes.
Contudo, bochechas rosáceas,
digo-te aquilo que já sabes.
Posso inventar um quadrilhão de significados
para todas as possibilidades já existentes,
porém, ninguém tirará o velho ditado
que todos carregam em mente:
“Do pó viemos e ao pó retornaremos”,
com todas as efemeridades possíveis,
passíveis e irascíveis,
como se fosse tudo de uma simplicidade só.
Não é, não é, não.
Discorrendo meu ser,
encontrei este vão
o qual explica tudo; irei lhe dizer:
Se a sabedoria dos teus cadarços à ti nada serve,
servirá ela, então, à alguma persona, em breve.
Ela estará perdida e, ao encontrar seu cadarço pelo acaso,
irá acomodar-se em seu inútil covil de neve…
Então já viu, não é?
Aonde ela e tu irão morrer de tristeza crônica…
Afinal, advindo de tal sapiência lacônica,
não há nada mais impuro, mais breve,
que nossa inexistência canônica.
(Ou esse covil amargo; melancólico.)
- Aqui deveriam morrer todas as esperanças, mas… –
Vim lá do início deste poema
apenas para lhe dizer que:
Ao caso de tu encontrares as verdades que encontrei
Ou ao menos, julguei encontrar,
Tu não vá te perderes, como meu eu o fez.
Deixo-te esta bússola para informar-te:
O norte está onde deveria estar
e não há nada além disso.
Entrega-te ao teu próprio templo,
contando teu tempo para ser.
Discorra ignóbil pelo vento e pare de ler;
Pare, apenas pare de ler isto daqui.
Siga teus olhos e aprecie o que eles vêem.
Nunca sabemos quando iremos perder;
Ou nos perder.