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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Convescote

Discorrendo sobre o ser, encontrei razões para mais, deixar de ser; trair todas as sensações. Ventando, pelos cadarços, passeei pelos templos, de tempos em tempos, renovando meus traços; Estragando, remendei meu ser; desencontrei emoções que faziam-me mais perder a sequer ter razões. Voltando, aos primários trapos, soneguei meu própio tempo e entreguei-me ao templo puro e mutável do acaso.

Calma, sim, estou à dizer falácias!
O acaso inexiste, eu sei, tu sabes.
Contudo, bochechas rosáceas,
digo-te aquilo que já sabes.
Posso inventar um quadrilhão de significados
para todas as possibilidades já existentes,
porém, ninguém tirará o velho ditado
que todos carregam em mente:

“Do pó viemos e ao pó retornaremos”,
com todas as efemeridades possíveis,
passíveis e irascíveis,
como se fosse tudo de uma simplicidade só.
Não é, não é, não.
Discorrendo meu ser,
encontrei este vão
o qual explica tudo; irei lhe dizer:
Se a sabedoria dos teus cadarços à ti nada serve,
servirá ela, então, à alguma persona, em breve.
Ela estará perdida e, ao encontrar seu cadarço pelo acaso,
irá acomodar-se em seu inútil covil de neve…
Então já viu, não é?
Aonde ela e tu irão morrer de tristeza crônica…
Afinal, advindo de tal sapiência lacônica,
não há nada mais impuro, mais breve,
que nossa inexistência canônica.
(Ou esse covil amargo; melancólico.)
 
- Aqui deveriam morrer todas as esperanças, mas… –
 
Vim lá do início deste poema
apenas para lhe dizer que:
Ao caso de tu encontrares as verdades que encontrei
Ou ao menos, julguei encontrar,
Tu não vá te perderes, como meu eu o fez.
Deixo-te esta bússola para informar-te:
O norte está onde deveria estar
e não há nada além disso.
Entrega-te ao teu próprio templo,
contando teu tempo para ser.
Discorra ignóbil pelo vento e pare de ler;
Pare, apenas pare de ler isto daqui.
Siga teus olhos e aprecie o que eles vêem.

Nunca sabemos quando iremos perder;
Ou nos perder.