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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Deus Ex Machina

Os persas indispostos, caindo
pelas beiras do Peloponeso.
O cinturão de poucos homens
travando seus dentes,
sedentos e animalescos.

 

A significação da coroa,
já deixara de ser tentadora.

 

As paredes, estreitas.
Os homens, também.

 

Milhares de barcos
contra poucos bárbaros
asseados e barbados,
treinados desde a infância
para tal desfecho trágico.
Por entre cantos e
escudos de bronze;
O peso de suas madeixas
e lanças, empunhando
a ferocidade aterradora
do batalhão de fronte,
lançou-lhes, sem queixa,
para o fim da tirania
possivelmente advinda
daquele ditador persa.

 

Para o fim de suas vidas,
a única glória restante
era a morte pura
na beirada do inferno,
cantando até o instante
em que a tenra loucura
do fim de seus dias
dominasse seus alentos.

 

Hoje somos resquícios
da lenda
que um dia, já passado,
caminhou por aí.
Sedentos por sangue
e pelo poder indomável
de democratizar e discernir;
Ruindo, mesmo que
para nosso próprio bem.

 

Já não se sabe, qual novíssima guerra surgirá, "caindo por aí". Dizem que algumas são boas; outras, não deveriam existir. Já não se sabe para onde iremos evoluir se continuamos guerreando assim, como antes do Salvador existir.

 

Se existiu e nos salvou
do destino de gregos e persas
em que, com o que daquela
época versa,
sem piedade alguma os
tombou,
Chronos, esquecido como sempre,
provavelmente o castigou.

 

 

Além do Peloponeso,
continuamos por aí,
sedentos e animalescos,
como se nada acontecera.

Contando histórias e poemas
sobre como evoluímos tanto,
sendo que, o que por eles foi feito,
prosseguimos a repetir.

 

Com o sangue avermelhado;
No mesmo planeta;
Trajando motivos piores,
pois a racionalidade deveria
estar aqui.

 

Aqui, temos um diferente dilema:
Com toda a razão adquirida,
por que continuaremos?