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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Em seu devido lugar

Ruas e mais ruas,
De estado à País.
Num piscar de olhos,
Suas e nuas;
De cá à Paris,
Sem muitos espólios,
Por rodas mudas.

Esburacados trajetos,
Sem muito pavimento.
Onde o ar voa baixo
E brinca com o momento.

Cabeça e roda giram;
Num baque surdo
Do olho cego e mudo,
Ao nada as atiram.

Caíram pelas ruas
Afinando o triz
Dos outros corpos.

Surdas e mudas,
Entre lá e ali,
Roubaram mil fotos.

Câmeras e pessoas
Entre passos e sapatos.
Cabeças e esposas
De velhos/novos tratos.

Sem mais horário,
O ônibus findou
Seu itinerário
E o sinal fechou.

A calada adentrando por entre nós,
Fechando a porta num sopro atroz.
(Queria ser alguém, um dia só.)
Não há para onde ir,
Muito menos onde chegar.
Deusmelivre querer fugir.
Deusmelivre querer me achar.

Entre ruas mais ou menos sujas,
Subo a avenida da imperatriz.
Quem diria que atualmente imundas
Seriam as pessoas que passam por aqui?

Desfiz-me da cabeça antes que ela mesma
Venha e, coitada, me entristeça.
Desfiz-me do sapato antes que ele mesmo
Venha e, surrado, me deixe descalço.

Não tenho comida mas tenho fome.
Não tenho roupas mas tenho nome.
Eu acho que tenho.
Ainda devo ter.