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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Guia.

Mais valia o cego são
que embora soubesse,
não proferia uma negação
sobre o vazio da alegoria.
Trabalhara por mais-valia,
buscando sentido em palavras.
Ao longo do tempo, as perdia,
por entre suas escadas.
Escadarias, tecia,
arrulhando amarras.
Sem visão, prosseguia;
Seguia o cego;
Nosso cego, seguia.
Sentia-se triste
pois nada do mundo,
[vira.
Nascera assim,
sem enxergar nada.
Formou-se cego,
através de aulas
[obrigadas.
É genético, diziam.
Ele, quieto, escutava.
Desconhecia, aliás,
o mundo genérico
em que se encontrava.


Asseguro-lhe,
ser o mesmo
em que vivemos.


A sorte diferencial
é que, por ele,
Pobre Alberto,
o mundo não é
[visto;
Pois, se fosse,
o pobre Alberto
teria desistido.
Mas por cego ser,
ansiava por crescer.
Tornar-se um marco
com o gênio oriundo
da impossibilidade de
[ver.


Um dia Alberto vencerá.


Seu otimismo mais valia
se comparado com todos.
Ele não se preocupava
em ser diferente do mundo.
Alberto queria apenas ver.
Se ele visse o que fizeram,
Alberto desejaria ser
cego, surdo e mudo.
Seu otimismo contagia meu ser
e algum dia, dia qualquer,
Alberto há de vencer.
Por sua sanidade;
Vívida capacidade
de entender o quão fácil
é esforçar-se
para que, ao fim de tudo,
tenha se tornado
um melhor ser.
Alberto sentia a existência
mesmo sem ver.
Quisera eu ser Alberto
para o mundo
melhor entender.



Mais vale a sanidade do cego
a loucura da visão.