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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Incontáveis Horas Sem Relógios

Existem tantas tristezas sobre o tempo
que já nem sei mais como sinceramente
conseguimos passar o infinitesimal dos dias
girando sobre nossas vidas;
Patinando em momentos.
Mas ei, não precisa preocupar esse teu semblante,
pois poeticamente aqui falando,
vou tentar evitar todos aqueles clichés ambulantes
sempre a resmungarem os anos e os protelando.
É um tanto mais fácil viver essa metáfora,
com a retidão de um tiro preciso;
Sem o esmero de acabar em momentos
onde essa vida tua pareces ter sido
tão boba e curva por falácias.

Vem do tempo em que tudo não passava
de algumas mentiras contadas por parentes;
Ilusões escondidas entre televisores;
Imagens nostálgicas as quais possivelmente
são seus piores dissabores.


É como um pessimismo derradeiro,
solto numa queda livre sem prazo
para tocar o solo, ou encontrar-se desfeito.


Então, faço-me pasmo,
com essa métrica errada que acabei aqui moldando
para que em versos quebrados esse tempo mentiroso
fosse, de alguma maneira, me ajudando
a quebrar nossa monotonia e marasmo,
sem que, nem por um instante, morresse o riso, ocioso.


Desfaço esse nó que dei na mentira
para lhe contar que, assim,
com tantas metáforas e conquistas,
é como melhor vamos entonar nosso tempo
até que, algum dia, algo nos obrigue a chegar ao fim.
E tu, o que tu fazes como mais um sujeito
predisposto sem norte algum no mundo?




Não queria acinzentar esse dia.
Só queria um pouco
de todo esse tempo que contam por aí,
para ver se, em minha vida de som oco,
acabo dando um jeito.


Tentando, ao menos,
fazer-me mais sapiente antes de morrer


ao fundo,
seja de algum copo vazio


ou cigarro, imundo.