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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Janine Elétrica




Sumiu; sumiu.
Esqueceu a hora
e sumiu, ela.
Janine riu:
abriu braços
como desforra;
tudo é dela,
tudo é dela.


Os dias de Janine;
Aquele céu seco;
o pássaro úmido;
as estátuas belas.
Os dias de Janine;
o passeio calmo;
as árvores únicas;
a trilha deserta.
Passeou Janine,
por monumentos tão,
mas tão belíssimos,
que apaixonou-se
ao passar-lhes as mãos.
Mas tão belíssimo
esse dia, Janine
nele não acredita.
Deve ser mentira.


O dia de Janine,
com alto gorjear,
os pinheiros castos
e o céu seco insiste
em não, logo, quedar;
entre passos clausos.


Sumiu, sumiu:
o todo, agora,
ao parar, pr'ela.
Janine riu.
Olhos, calços
para o agora:
Cidade em tela,
cidade em tela.


Ali, no topo d'um marco de onde vive:
Janine olhou-se, onde a hora não existe,
com a cidade ao fundo e o céu em plena queda.
Tudo era dela,
sonhava ela,
Janine elétrica.
Ela era tudo ali.
O parque Janine.
A vida Janine.
O céu em crise.
A estátua;
O gorjeio;
O pinheiro.
Cidade Janine
sonhava outra hora;
O céu: em crise,
no dia em que Janine foi ela.