Encontrei-me n’outro
lado. Topei com meu
eu em um noturno
e domingo estado.
Olhei-me pelo visor
espelhado e não deu
para segurar o puro
e diurno sentido
do progresso
e seu sabor.
Meu _doppelgänger_,
despreocupado, era
de fel, adoçado. Não
sabia o que era seu
ou o que era clonado.
Autodestrutivo, inseguro,
infeliz e amargurado.
O estereótipo pleno
de um sertanejo
velho, cantado.
Vestia a si mesmo
sem saber sobre si.
Não conhecia a falsa
identidade que levava,
altivo e contente por aí.
Desse _doppel_, saíram
belas memórias, até
onde sairiam suas
auroras. Mal o
faziam; dedicar-se,
não sabia.
Felizmente
olhei meu eu
morto, o eu
antigo ali,
azul, roxo,
indisposto.
Morto por
suas próprias
palavras.
Arlequim tosco;
Colorido e falso
gafanhoto. O ser
quem eu não
mais me tornaria.
Mas e todos os
futuros dias?
Felizmente,
n’outro lado;
não mais arlequim,
aqui, neste
noturno
domingo
estado,
de sorriso em visor
espelhado.