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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Lembrete à Persona

  
Encontrei-me n’outro  
lado. Topei com meu  
eu em um noturno  
e domingo estado.  
Olhei-me pelo visor  
espelhado e não deu  
para segurar o puro  
e diurno sentido  
do progresso  
e seu sabor.  
Meu _doppelgänger_,  
despreocupado, era  
de fel, adoçado. Não  
sabia o que era seu  
ou o que era clonado.  
Autodestrutivo, inseguro,  
infeliz e amargurado.  
O estereótipo pleno  
de um sertanejo  
velho, cantado.  
Vestia a si mesmo  
sem saber sobre si.  
Não conhecia a falsa  
identidade que levava,  
altivo e contente por aí.  
Desse _doppel_, saíram  
belas memórias, até  
onde sairiam suas  
auroras. Mal o  
faziam; dedicar-se,  
não sabia.  
Felizmente  
olhei meu eu  
morto, o eu  
antigo ali,  
azul, roxo,  
indisposto.  
Morto por  
suas próprias  
     palavras.  
Arlequim tosco;  
Colorido e falso  
gafanhoto. O ser  
   quem eu não  
mais me tornaria.  
Mas e todos os  
futuros dias?  
Felizmente,  
n’outro lado;  
não mais arlequim,  
aqui, neste  
noturno  
  domingo    
      estado,  
de sorriso em visor  
             espelhado.