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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Previsão Quase Turva

 

Raro balanço
de uma quarta enseada.
Nado e avanço,
entre chuva ensaiada.

O tilintar coloca em transe
o sono que consome.
Para amenizar a nuance,
do sopro sem nome.

Observando pelo parabrisa
os olhos titubeando.
Murmúrios pela pista:
Era a chuva amenizando.

Sem mais pestanejos,
acelerei os anseios.
Após um esbravejo,
domou-me o receio.

Derrapava entre postes e chuva,
tentando acertar outra curva.
Fora quando o sopro nomeara:
capotagem na estrada.

Pronto, estava em pedaços;
era apenas mais uma quarta.
Agora, em poucos traços,
nada mais fazia-me falta.

Estava desacordado, no meio da calçada.
pedaços de meu corpo, todos espalhados.
O aglomerado não perdoaria a empreitada:
mais um morre e causa enorme estrago.

Juro não ter visto o caminhão;
Muito menos o outro carro;
Ou aquele senhor, na contramão.

O freio não havia falhado?
Ah, meu carro lindo…
Deveria ter atado o cinto.
O outro motorista estava
[errado!

Bom, não adianta ser esquivo:
Já me sentia morto e enterrado
antes mesmo de ter pego o carro.

Agora, todos ao meu redor,
não sei o que é pior:
Se vão anotar minhas escolhas erradas
ou onde minhas fotos serão postadas.

O importante é que a chuva parou.