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-⌂ Albergue Sépia ⌂-
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A inexistência de Heitor Costa em poemas.

Transeunte

Céu azul ao infinito.
Descendo pela esquina
corre solto, vento fino;
Sozinho, despido;
Ruboriza o arvoredo,
que, de tanto medo,
esconde suas folhas
sob o dócil vestido
tecido por aconchegos.
Bebendo, aproxima-se;
Deslizando através da calçada.
Sob cálida chuva pesada,
desgrenha seu vestido,
quase despindo
todo o teor dócil
o qual aparentava ter.
Quaisquer sejam os dias,
o céu azul enuviado
esbarra em outras alegorias,
de corpo e cores trocados.
Parecem irmãos, porém,
são erráticos e polarizados.
O arvoredo seca, languido.
Sem teor alcoólico,
o vento parou de correr.


O céu azul, ao infinito,
segue rumando.
Mas, quem se importa,
com o que virá a ocorrer?


Entre pistas e carqueja,
o iluminado poste das incertezas,
seguiu acordando tudo e todos.
Sem pestanejar, o céu atirou-se
em um cano d'água.
Escorrendo, pela beira da calçada,
despedaçou-se o resto do céu.
Esfarelando seu corpo imaginário,
pelos poros do languido arvoredo,
o qual trajava dócil face ruborizada
e uma incerteza amargurada,
sobre talvez despedaçar-se, também,
ou seguir a chuva, calada,
cortando a maciez do infinito azul,
no céu da calçada.